Sobre despedir-me e perseguir o que quero

Resumo 2015 - 1 ano depois de me despedir

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📷 Serra da Estrela, 16 Dezembro 2014


1 ano depois de sair do meu 1.º emprego


Imaginas sempre que o último dia no trabalho vai ser uma choradeira pegada… Pensas que a tua presença é indispensável e que só tu conseguirias preencher aquele lugar… Mas é um dia vivido como qualquer outro. “É assim”…

Há um ano, despedi-me do meu primeiro emprego. Trabalhei durante 4 anos, a tempo inteiro, numa loja de instrumentos musicais (a minha ideia de emprego de sonho quando era miúdo).

Deixei para trás um bom ordenado, bons amigos, benefícios e todas as outras coisas que ajudam à ilusão de segurança e estabilidade.

Foram os anos mais bombardeados de mudanças positivas em termos pessoais e profissionais mas que, ao mesmo tempo, alargaram os meus horizontes e me abriram os olhos no que toca a fazer carreira no mundo “corporativo”.

No início, e se fores como eu, começas por tratar o negócio do patrão como se fosse teu. O trabalho torna-se o teu maior foco e, com todas as tuas forças, esforças-te todos os dias para ser cada vez melhor…

O problema é quando reparas no que não funciona bem, no que podia ser mudado, que sozinho não consegues melhorar a empresa e que és o único com vontade de contrariar o comodismo.

Começas por tentar implementar mudança e cais, desmotivado… Levantas-te com alguma esperança, mas tropeças mais uma vez…

Quando percebes que estás sozinho nessa tentativa de evolução, é aí que acordas e sentes que deves fazer alguma coisa em relação a isso.

Com isto foi inevitável não questionar o significado de tudo aquilo que andava a fazer todos os dias. Apercebi-me que já não era um desafio e estava a tornar-me alguém que, bem cá dentro, sentia que não era eu.

Completamente estagnado.

Neste ponto, a tua mente começa a procura exaustiva daquilo que realmente te queres tornar, algo expresso nas palavras de C.G. Jung:

“You are what you do, not what you say you’ll do.”

Eu sentia que o que estava a fazer não era, definitivamente, o que queria para o meu dia-a-dia. E como cheguei a essa conclusão?

Além de não concordar com alguns métodos clássicos da empresa, de me sentir miserável e deprimido, de estar sem forças para acordar e ir trabalhar e de me sentir como um robô automatizado em tudo o que fazia, comecei a pesquisar se toda esta infelicidade seria normal, se seria só eu…

Claro que não! Muita gente anda à procura da resposta para a derradeira pergunta:

“O que é suposto fazer com a minha vida?”

Não em termos filosóficos… (porque isso é a receita perfeita para ir para a cama deprimido) Mas em termos práticos! Acho que, bem cá dentro, todos sabemos o que queremos fazer. Eu sei a vida que quero viver…

Mas claro que, no mundo em que vivemos, todos temos contas mensais para pagar… Não pode ser só brincadeira. No mundo que gira em torno do poder e do dinheiro, todos temos de arranjar alguma forma de servir continuamente, para continuamente sobrevivermos com o mínimo conforto e bem-estar.

Mas será que, para isso, tenho fazer dinheiro a aguentar-me num trabalho de que deixei de gostar? Será que tenho de apagar fogos, ficar ensopado para depois engolir os sapos que lá andam a chapinhar?

A maioria das pessoas diria que sim, que é a vida… “A vida é assim! Todos temos de trabalhar!”

Não. Desculpem, mas não desta forma.

E foi por isso que me despedi.

Foi a decisão que tomei com mais certeza até hoje (a seguir a pedir a minha namorada em casamento)! Fi-lo porque tenho as pessoas certas ao meu lado, prontas para me ajudar em quaisquer circunstâncias.

Os sentimentos de incerteza surgiram no momento em que saí porta fora, os mesmos 5 que Alexander Kjerulf enuncia no seu artigo. Mitos, no entanto.

  • Começa-se por associar a saída ao fracasso. Por vezes, sair é o mais correcto.
  • Ninguém faz ideia se lutaste ou não por ficar, e tu próprio começas a duvidar disso… Mas sair requer coragem e é considerado um acto * heróico se conseguires sair com a certeza de que vais ter sempre uma porta aberta.
  • “Sair é ser invejoso. É não pensar nos colegas e em quem fica lá”. Não é. Quando sais, é a vida… Todos sobrevivem.
  • Entranha-se o medo de estragares a tua reputação e a tua carreira, mas ainda hoje sinto e sei que foi uma das melhores decisões para o meu futuro.
  • “Sair é o último recurso.” Não deves sair quando é a tua última hipótese, mas sim na altura certa para ti. É libertador!

Sair de um sítio que é uma prisão para nós, numa altura em que já todos estamos interligados, é uma oportunidade. É uma oportunidade de trabalhar e fazer algo nosso em que podemos dar o nosso máximo, podendo fazer alguma coisa que melhora a vida de alguém.

Isso, só por si, faz com que valha a pena sair desta corrida de sardinhas enlatadas… Faz com que valha a pena o “corte salarial” e a incerteza do futuro que se avizinha.

O que correu bem e provavelmente sempre correrá!

Amor

As transições de vida são tempos de grande fragilidade mas, quando mais precisamos, o verdadeiro apoio e amor vem de quem nos desafia, de quem está connosco sempre que precisamos, de quem nos deixa nadar livres, de quem nos dá espaço para crescer como pessoa em todos os bons ou maus dias.

De quem nunca julga, ou impõe limitações à nossa mente, corpo ou algum dos nossos sonhos. E que, seja qual for a tua causa, está lá sempre a gritar o teu nome…

O verdadeiro amor cuida de ti quando estás doente. Atura-te quando estás esquisito e não queres beber o chazinho e a torradinha.

Esforça-se por te ver e por arranjar tempo para ti, para te mimar, animar… e incondicionalmente te amar.

Obrigado, Ana Filipa Vieira, por seres tão honesta comigo, por veres o que os outros não vêem, por me fazeres sentir como um rei, por escolheres ignorar os meus maiores defeitos.

Espero ser tão bom companheiro e amigo como tu és para mim, todos os dias da nossa vida, agora que me disseste sim!

girlfriend

Casa Nós já sabíamos que íamos viver juntos, mas não sabíamos que ia ser tão fácil. A casa ideal surgiu assim que chegou a altura certa e acabou por ser um processo muito natural.

Família e amigos

À minha querida Mãe, por saber muito bem cuidar do filho, por escrever a minha carta de rescisão assim que tomei a decisão e por arranjar logo um espaço para o meu trabalho.

Ao meu grande Pai, por ser o meu professor favorito, por continuar a lutar e a estudar todos os dias.

Aos meus sogros, por me receberem tão bem, pelas excelentes férias, por me tratarem como um filho e aceitarem entregar a mão da filha.

Ao Johnny (por ser o meu maior exemplo de criatividade e dedicação às nossas paixões e por saber sempre o que dizer nas alturas certas), ao Esteves (porque me lembra a importância de não parar de inovar e por estar sempre a par das tecnologias mais recentes) e ao Gonçalo (por ser a pessoa com quem partilho a paixão pelos automóveis e, sobretudo, pelo Drift).

Por serem aqueles amigos que, apesar de qualquer distância ou horário, arranjam sempre forma de estar presentes e apoiar. Por serem sempre como sempre foram.

Liberdade

Liberdade para acordar e ter uma manhã calma. Demorar o tempo que for preciso. Sem pressas, sem correr para autocarros e sem empurrar as portas do metro.

Books

Tempo para ler sempre que é preciso um pouco de inspiração

Liberdade para controlar o meu tempo à minha maneira e não preso a um horário das 9h às 19h. Liberdade para estar com os amigos e família, seja em que altura for, se precisarem de mim ou eu deles.

Liberdade para construir um negócio nos meus termos e sob a minha responsabilidade.

Vídeo

Comprei uma Nikon D7000, grande parte por influência do meu único irmão, Luciano Reis, um grande fotógrafo. Foi a minha segunda compra mal comecei a receber ordenados mas, na altura, não pensei que a fosse usar tanto. Não a arranjei para fotografia: arranjei-a para aprender vídeo.

O vídeo é uma paixão de longa data.

Antes de sair, já estava a fazer alguns trabalhos à parte como videógrafo.

Num ano, criei um negócio que me permitiu alcançar um valor aproximado ao que ganhava anualmente na loja.

Camera

Parcerias

Através de um bom parceiro e muito bom amigo fotógrafo, Filipe Santiago (para mim, um dos melhores), pude conhecer uma boa parte da indústria e arranjar mais trabalhos.

Esta parceria resultou em 16 casamentos ao longo do ano de 2015. 16 casais que adorei conhecer pessoalmente e que, através das minhas capacidades, hoje têm vídeos que vão poder ver a qualquer momento, partilhar com quem quiserem, mostrar aos filhos um dia mas, acima de tudo, poder relembrar aquele dia tão especial.

A outra parceria foi com um bom amigo de longa data. Um colega da primária que me acompanhou até ao 12.º ano. Ele é o promissor Growth Engineer e a pessoa que mais me vai ajudar nos meus projectos futuros.

paulo

Paulo Teixeira  –  Growth Engineer

É aquele que é maluco o suficiente para acompanhar a minha visão e ainda contribuir com o seu ponto de vista tão válido.

Alguns contactos e “oportunidades”

Ao longo do tempo, foram surgindo alguns contactos com “oportunidades” que roçavam verdadeiramente a exploração.

Apesar de terem sido más experiências, ao mesmo tempo, foram as melhores para me ensinar a recusar e filtrar aquilo que não interessa.

O que não correu tão bem

Alguns Familiares

Talvez pela antiguidade ou pela mentalidade retrógrada de alguns familiares, ou até mesmo pelos “tempos difíceis que vivemos”, foi difícil ser compreendido nesta decisão.

Foco

Passei quatro anos naquela loja e já faz um ano desde que saí.

Neste ano em que trabalhei em videografia, já fiz algo que requer mais responsabilidade e que tem muito mais significado. Mas mesmo assim…

Ainda não estou estou onde quero estar, mas lá chegarei.

O melhor conselho que neste momento posso dar a qualquer pessoa, incluindo eu, é… foca-te!

Como diria o meu irmão: “Foca essa foca!“

O tempo que perdes a fazer aquele plano B, que é mais fácil, distrai-te do plano A. Foca-te, porque passa a correr… Foca-te, porque é a tua vida, e não a dos outros, e vai atrás daquilo que realmente queres.

O que realmente quero


“Don’t get so busy making a living that you forget to make a life.”  –  Dolly Parton

Desde que ouvi esta citação que tento segui-la.

Quero viver uma vida com significado, uma vida simples, mas com mais tempo para cuidar de mim e a das pessoas que eu amo.

Para poder dar mais e investir nessas boas relações, para criar as experiências que nos trazem toda a alegria que alguma vez vamos encontrar na vida.

Quero continuar com uma mente aberta a outras maneiras de viver. Conduzir no desconhecido e ser apanhado desprevenido…

O futuro

Jota

Quero construir um negócio tão multi-facetado como eu. Combinar tudo o que sei em algo que me entusiasme todos os dias. Misturar todos os meus interesses, paixões e até passatempos, e ver o que o futuro me reserva.

Quero construir uma vida com mais tempo que dinheiro.