📷 por Lucas Santiago
Se já segues o meu trabalho há alguns anos, sabes que estamos naquela altura do ano! Já faz 5 anos que trabalho como videógrafo freelancer e este foi o ano que realmente me fez questionar se tomei decisão certa...
Faço estes resumos para mim próprio porque a minha tendência natural é esquecer os momentos maus e apagá-los da minha memória, algo que a minha mente faz por mim em modo automático, por incrível que pareça.
Acaba por ser bom ter esse mecanismo de defesa natural, mas não me quero esquecer de onde vim e do percurso que fiz até aqui. Se esqueço esse passado mais atribulado, não só fico com a sensação de que correu tudo bem de mais (algo que me faz mal ao ego), como o mais provável é voltar a cometer os mesmos erros e cair na mesma esparrela.
Espero sempre que sirva também como lembrete de que a vida e as circunstâncias de cada um são sempre muito diferentes uns dos outros e que, por isso, deves de evitar entrar no loop de te medir com o "sucesso" de outros.
Para te dar mais noção e contexto da minha vida, bem com das minhas circunstâncias ao longo destes anos, podes ler os resumos dos anos anteriores (2015, 2016, 2017 e 2018).
Se me tens acompanhado, é provável que já te tenhas apercebido de que eu não andava a lidar bem com toda a turbulência emocional, o enorme backlog e respectivos prazos de entrega.
Principalmente para os meus colegas, é fácil imaginar este cenário, mas imagina que há uns anos largaste um trabalho mais estável e dás por ti a ter saudades desses tempos em que trabalhavas para outros, aquilo a que criaste tanta aversão em busca do sonho de te tornares a pessoa mais independente de sempre!
Imagina que estás atolado e demasiado ocupado com todas as edições e que, assim do nada, porque tens aquela reunião daqui a meia hora, tens de parar e esquecer tudo para ir vender a tua "arte"... (Sim, porque a renda e as contas não se pagam sozinhas!) E numa questão de minutos, saltas para a reunião e tens de te vender a ti próprio como se não houvesse amanhã...
Não me interpretes mal! É muito lisonjeador teres pessoas a procurar-te pelo teu estilo, a pedirem para criar as futuras memórias do seu dia especial. Confiarem-nos essa responsabilidade é uma honra e motivo de orgulho! Mas quando não estamos bem, é assustador...
Sou muito terra-a-terra e tenho perfeita noção de que nunca me faltou “casa, comida e roupa lavada”, que as dificuldades que enfrentei foram “males menores”, mas não estava de todo preparado para elas.
Se já há uns anos pensei que "bati no fundo", este ano foi a valer! Foi um ano super difícil, mas, ao mesmo tempo, excelente, e talvez por razões que não estejas bem à espera.
Comecei 2019 mesmo à guru da paciência, positivismo e produtividade... Todos os dias a acordar às 6h da manhã, cheio de pica para pesquisar, idealizar e escrever os conteúdos que quero criar... Mas a acordar cedo e a deitar-me tarde à pala das edições, não demorou muito até que o meu corpo e mente começassem a revelar sinais de abuso.
Continuo a não respeitar o meu sono e ainda sou uma nódoa a organizar o meu tempo. Faço uma gestão com base na minha intuição e nunca de uma maneira organizada.
Claro que é por essa razão que sou tão obcecado por sistemas e automatizações. Parece ser a única maneira de lidar com este meu demónio interior da preguiça. Mas mesmo criar esses sistemas dão imenso trabalho e "roubam" imenso tempo na configuração inicial.
Adorava poder dizer que aguentei esse ritmo maluco o ano inteiro. Adorava! Adorava poder dizer-te que alcancei todos os meus objectivos e mais alguns! Adorava também poder dizer que tenho o meu primeiro produto digital pronto a vender! Adorava ter conseguido seguir os meus próprios conselhos e continuar produtivo, paciente e positivo... Só que não.
Adoro a liberdade que tenho para gerir o tempo à minha maneira, mas, até hoje, estou para encontrar e definir um horário adequado para mim e que englobe tudo o que eu quero fazer sem, com isso, sacrificar saúde e sanidade mental.
Por essa má gestão de tempo e porque, pelas minhas responsabilidades, há uma certa urgência em adquirir novos clientes, dediquei muito do meu tempo em 2018 a repensar toda a experiência que quero oferecer aos meus novos clientes. Por querer melhorar outras vertentes do meu trabalho, descarrilei nessa gestão e as entregas começaram a ficar para trás.
Passei demasiado tempo confortável, a pensar que tinha tudo sob controlo. A verdade é que estava a negligenciar os clientes que já tinham pago pelo meu serviço e, por isso, tive de compensá-los.
Com tudo isto, percebi a importância de ter uma boa comunicação com os clientes, em todas as etapas do processo. Desde que me contactam até receberem os vídeos finais, os clientes têm de se sentir bem acompanhados e isso sempre foi um dos meus pontos mais fracos.
Em Janeiro, dediquei-me únicamente a reduzir um backlog de cerca de 15 casamentos de 2018 ainda por editar e a compensar os clientes a quem já estava a falhar a nível de prazos. Durante algum tempo, tive a cabeça no sítio e o backlog foi reduzindo a um bom ritmo, mas não o suficiente... Foi apenas suficiente para perceber a sorte que tive em servir com boas pessoas, pessoas a quem tive de explicar que os seus vídeos iam chegar atrasados, pessoas que demonstraram um carinho enorme e perdoaram essa falha.
Ninguém quer ouvir que, afinal, vai receber os seus vídeos mais tarde, e, por muito que tenha arranjado maneira de os compensar a todos, ficou sempre aquela sensação pesada de que falhei para com eles. Isto foi uma das principais razões para 2019 ter sido o ano em que me senti mais desmotivado.
Nunca vou esquecer as vezes que tive de ignorar essa quantidade brutal de trabalho pendente, suck it up, e perante novos clientes, agir como se estivesse tudo bem. Se tivesse de escolher um slogan para 2019 seria: "Welcome aboard the Titanic".
Todos os amantes de carros sabem que um carro é muito mais do que um mero transporte...
Quem adora carros, e inclusivamente sabe o que é ter um clássico para restaurar, dificilmente contempla sequer a ideia de o vender. Vender o nosso projecto ou o nosso "bebé" está 99% das vezes fora de questão.
É por todas estas razões que nos fazem amar carros é que foi tão difícil para mim vender o meu.
23 de Fevereiro de 2019 foi o dia em que disse adeus ao membro figurativo que estava na família desde 2014.
O meu bebé... Ridículo, eu sei, mas foi o meu primeiro carro e comprei-o aos 22 com o meu dinheiro. "Então porque é que te decidiste desfazer dele?" perguntas tu.
Simplesmente não tinha como o manter, seja por dinheiro ou tempo para trabalhar nele. Deixei de usá-lo com a frequência que queria e não tardou a ficar só a ganhar pó na garagem. Por isso, achei melhor passá-lo a alguém que pudesse cuidar e aproveitar todo o potencial deste clássico.
Dado o interesse gerado pelo drift e outras modalidades, quando o comprei já estava a valorizar muito. Além disso, como investi muito em upgrades que melhoraram imenso o uso, segurança e condução deste 200SX, valorizou ainda mais.
Em Fevereiro vendi o meu tesouro a um senhor super simpático do Algarve por um bom valor. A última viagem que fizemos com ele foi até lá para o entregar.
Esta foto foi tirada no dia em que o fui entregar. A melhor viagem que fizemos com ele.
Um carro é uma parte super importante da vida que faço hoje em dia. Quase todos nós precisamos deles para trabalho, para ir às compras, passear e visitar a família, ir de férias, etc.
Não me arrependo de o ter comprado, foi uma das melhores coisas que fiz na altura, mas receio que nunca mais o possa vir a ter no futuro. Até hoje, já conduzi vários carros, mas este foi O carro que mais adorei reparar, preparar e conduzir.
Hoje em dia noto imenso as minhas prioridades a mudar. Procuro e tenho como objectivo arranjar um carro seguro, confortável, económico, relativamente barato e divertido de se conduzir. Mas para todos os jovens solteiros (já pareço um velhote a falar), qual é o meu conselho? Se tiveres possibilidade económica de comprar o teu "projecto", não hesites. Compra e não olhes para trás. Se chegar a altura de o vender, lembra-te que poderás sempre vir a ter outro projecto quando a tua vida o permitir. Aproveita enquanto o tens e estima essas memórias.
Ter um clássico destes é um luxo, e é um luxo que muitos de nós insistem em ter quando na realidade deveria ser a última coisa que devemos comprar. No meu caso, não me pude dar ao luxo de ter este dinheiro parado quando precisava disso para avançar com a minha vida.
Posso dizer que este carro foi a minha safa em duas alturas cruciais da minha vida. A primeira, aos 22, quando foi o transporte para as minhas aventuras e escape para o meu dia-a-dia; e a segunda aos 27, quando precisei de orientar a minha vida.
Vender este carro significou muito mais do que apenas fazer dinheiro rápido. Hoje vejo que vendê-lo foi um dos melhores sacrifícios que fiz, visto que foi como oxigénio para mim e para o meu negócio. Foi uma decisão minha e de enorme carga emocional, mas foi o primeiro passo para o plano ambicioso de resolver esta emaranhada toda o mais depressa possível.
Claro que enquanto tudo isto acontecia, sacrifiquei imenso a minha saúde no geral e não demorou até eu ficar na merda. Fiquei doente, desenvolvi dores musculares e, pela primeira vez, a ansiedade tomou conta da minha mente e tive ataques de pânico.
Estar por tua conta tem este benefício enorme de poderes simplesmente parar sempre que precisas. Parar para dormir, parar para relaxar ou simplesmente parar para parar. Acredita que este ano precisei imenso disso.
Se enfrentares algo assim, pára. Pára e respira fundo - mais uma cena que soa à guru do zen, mas ajuda mesmo muito. É difícil, no meio do caos, acreditar que vais conseguir dominar tudo e alcançar os teus objectivos, porque a vontade que dá é de apenas mandar tudo ao ar e desligar do mundo.
Foi uma fase de desapego involuntário, de ter de lidar com mudanças de humor repentinas e agressivas que me levaram a um estado de constante confusão, insegurança e incerteza. A minha confiança e bem-estar estiveram mesmo muito em baixo, a ponto de ignorar tudo aquilo que já tinha conseguido até aqui. Esta tendência mais pessimista deixou-me quase sem esperança e isso começou a afectar muito a minha vida pessoal. É só mais uma prova de que aquilo que escrevo aqui é muito mais para mim do que para ti.
Foi uma fase muito pesada da minha vida, quase a odiar tudo aquilo que estava a fazer e com uma sensação geral de repugnância pela vida que estava a viver. Isto, para quem está de foras, talvez sem motivos nenhuns para estar assim. Afinal, sou um sortudo por poder trabalhar com vídeo, tecnologia, computadores, softwares e plugins fixes, pessoas boas e pessoal criativo, no conforto da minha casa... priceless. Mas é que acontece quando estás num loop negativo. Pode deturpar toda a tua visão e perspectiva sobre as coisas.
Não é fácil para mim falar sobre isto. É algo que eu costumava gozar. "Ataques de pânico e crises de ansiedade é cena de fraco", dizia eu... Mas para mim é importante que alguns iniciantes vejam a realidade de sermos independentes e o peso que isso pode trazer ao nosso dia-a-dia. A dada altura, até me lembro de sentir medo da ideia de que talvez estivesse a começar a enlouquecer...
Com essas pressões e depois dessas explosões e choros descontrolados, vem sempre aquela paz e claridade de que tanto precisamos. Eu tenho a sorte de ter sempre um apoio incondicional e poder "descarregar" com a minha melhor amiga, a minha mulher. Ela ouve-me mesmo, não tem preço...
Se tens alguém com quem desabafar, por favor, faz isso. Se não tens, não tenhas problema em mandar-me uma mensagem - quero que saibas que não estás sozinho.
Durante algum tempo e com tudo isto, sempre que tentava editar era como se estivesse a piorar a situação. Ter de fazer este trabalho emocional e criativo sem estar mentalmente são e disponível para isso estava a destruir-me lentamente. Fui encaixando a ideia de que é mil vezes pior bater no fundo emocionalmente do que bater no fundo financeiramente.
A minha saúde saiu fora do meu controlo e, neste aspecto, tinha muito que resolver aqui dentro. Sentia que não tinha tempo real para mim, para a minha mulher, para a minha família e amigos. Sentia que fazer pela vida não deveria ser assim e, por mil vezes, dei por mim a desejar voltar a ter um horário das 9h-19h...
Não é fácil quando precisas de procurar bem a paixão que tens pelo teu trabalho e puxá-la a ferros... Não é fácil quando negligencias os teus relacionamentos com amigos e família só pelo negócio... Para quem está de fora, as coisas parecem espectaculares, com o ano todo reservado e com clientes excelentes. É como se estivesses a viver "o sonho do empreendedorismo", quando na verdade estás completamente cansado, saturado e desnecessariamente esgotado!
Não sei se estou a conseguir transmitir bem o quão agonizante estava a ser o meu dia-a-dia e o quanto me estava a consumir.
Já deu para perceber que 2019 é capaz de ter sido o ano mais difícil para mim. A minha saúde mental, as entregas de trabalhos, os meus relacionamentos, tempo com a Ana e com a minha família. Não é bom para ninguém negligenciar essas partes tão importantes da nossa vida. E por isso, este ano, foi um constante jogo com as minhas emoções e talvez a explicação mais simples para isto seja que tenho coisas a mais em mãos.
Se estás tipo polvo, com demasiados projectos, se estás insatisfeito com o que estás a fazer, a sentir que estás a falhar em todas as áreas da tua vida, aquilo que precisas de fazer é arranjar ajuda.
Percebi que precisava de ajuda com o meu negócio quando me comecei a sentir uma nódoa a tudo e quando vi que tinha imensas coisas que queria fazer e, simplesmente, não tinha tempo; meras ideias que não se estavam a materializar.
No meu caso, aquilo que eu precisava era óbvio: delegar trabalho. O universo mandou-me um sinal em Novembro, quando mais precisava de ajuda, quando um editor me encontrou online e ofereceu-se para colaborar comigo. Esse email só provou que a minha intuição estava certa quando decidi vender o carro, visto que agora iria precisar de bom dinheiro para investir neste novo "teste".
Depois de uma longa luta contra o meu ego, finalmente, no início de Maio, consegui ceder e testar passar um trabalho de edição a outra pessoa para acelerar as entregas.
Há muitas ideias pré-concebidas que tens de por de parte quando percebes que precisas de ajuda. Tens de encaixar a ideia de que não deves de ser o melhor a/em tudo. Se queres fazer o melhor trabalho possível em todas as áreas, o mais provável é precisares de alguém para te ajudar onde és "mais fraco" ou, para dizer melhor, onde estás a falhar mais.
Foi difícil largar o trabalho onde estava constantemente a dar tanto de mim. Cada edição era como se abdicasse de um bocado de mim. Custou largar, mas fazer outsource do trabalho que mais me "consumia" foi libertador e voltou a dar-me esperança. E vai muito mais ao encontro da vida que eu quero levar.
A sensação desta vez foi diferente. Uma coisa é fazer um site, que não é a minha praia, outra é algo que, na minha cabeça, só eu é que consigo fazer à minha maneira. A questão é que, e por ter feito tantos vídeos até aqui, sinto que queimei o fúsível. No estado em que estava, e, sinceramente, ainda estou, não sinto que tinha outra hipótese.
Por isso, se algum dia recorreres a outras pessoas que te ajudem a mandar o trabalho cá para fora, mesmo que te sintas culpado por o processo não passar todo por ti – porque parte acaba por passar sempre! - só me mostra o quão inteligente estás a ser.
É super lixado confiar o teu trabalho a outras pessoas porque pensas sempre que és o único que vai fazer o melhor trabalho. Talvez seja verdade, mas não interessa para nada porque não estás a fazer o trabalho que eras suposto estar a fazer. Seja feito por ti ou por outra pessoa, o trabalho tem de ser entregue!
Ao início, vai ser estranho. Quando passares o primeiro projecto, vais quase sentir que estás a fazer batota. Mas é aqui que vais perceber a vantagem que podes vir a ter. Das duas uma, ou usas esse "tempo livre" para começar a editar o próximo (óbvio no meu caso), ou escolhes contratar ajuda para usar esse tempo para outros interesses teus. Sejam esses aprender e melhorar as tuas habilidades, fazer crescer o teu negócio, viajar sem sentir culpa, passar mais tempo com amigos e família - o que quer que seja que é importante para ti.
No meu caso, e depois de ver o efeito que isto teve no meu dia-a-dia, fui super rápido a arranjar um segundo editor. Talvez percebas porquê com esta analogia (os geeks vão perceber).
Se pensares em processadores, alguns são melhores do que outros, certo? A razão pela qual são melhores deve-se muito à quantidade de núcleos que têm para processar tudo. É possível que na tua mente acredites que és tipo um Threadripper, mas a realidade é que provavelmente és apenas um Core 2 Duo.
Isto não tem mal nenhum, acredita, não deixas de ser uma grande máquina! Mas se o teu cérebro não é suficiente para processar a procura que há para o teu trabalho, é possível que a tua melhor opção seja mesmo arranjar ajuda.
É crucial que arranjes maneira de tratar dos teus clientes, mesmo que tu não estejas bem. É crucial tratar bem de ti para poderes tratar bem os outros.
Há meses que controlo melhor a quantidade de tempo que dedico ao trabalho mais pesado a nível mental, e que me consome mais, para níveis mais saudáveis. Não penses que contratar ajuda te vai retirar todo o trabalho. O teu trabalho muda, mas é possível que o teu dia-a-dia venha a tornar-se mais equilibrado.
É natural que te enchas de perguntas e medos em relação a isto. Se os clientes vão notar? Os clientes só precisam que faças uma coisa: que garantas que eles recebem todos os produtos e serviços a que te comprometeste fazer.
Talvez também seja assustador para ti também a ideia de que talvez exista alguém que possa executar o teu conceito melhor que tu. Quando eu recebi o meu primeiro trabalho editado por outra pessoa, fiquei sem dúvida surpreendido pelo que ela conseguiu fazer com as imagens que captei, mas não deixei de dar o meu cunho pessoal para remetar. No fundo, passou a ser um trabalho de equipa e hoje em dia já nem contemplo que seja de outra maneira.
Em Março, dei o último sprint para completar todas as entregas de 2018... Nunca trabalhei tão a sério e tão afincadamente, e espero nunca me vir a esquecer que tive de passar por isto para perceber que não podemos simplesmente ficar a ver navios a passar - temos de pegar o boi pelos cornos e tomar rédeas da situação. O trabalho tem de ser feito, de uma maneira ou de outra.
Outra analogia boa para ti seria falar de backups. O que acontece se ficares doente? Sim, com toda a pressão eu não estive bem de saúde. E se te acontecer o mesmo a ti? A quem vais recorrer? A quem vais confiar esse trabalho?
No meio de tantas perguntas, essas acabam por ser as mais difíceis de navegar e responder. Em termos monetários, é meramente uma questão de repensar e reajustar o orçamento para incluir essas novas despesas. Ah e claro, não gastar o dinheiro que está alocado para essas despesas de edição.
Em Janeiro de 2020 ainda vou ter backlog, mas acalma-me saber que não vou ter de o fazer sozinho. É uma honra poder trabalhar e contratar outros freelancers.
Tenho um desafio para ti. Pensa bem no teu dia-a-dia. Como é que te queres sentir? Estás a odiar a tua rotina? Estás a adormecer em frente ao monitor? Eu acho que o teu corpo te está a querer dizer qualquer coisa... Sentes-te melhor com a parte da interacção com as pessoas e vendas? Talvez sejas melhor para isso do que para edição. Talvez esteja na altura de seres honesto contigo mesmo e admitires isso. Eu sei que não é fácil... Mas não tem mal nenhum.
Quanto mais cedo perceberes que não és o melhor a tudo, mais cedo o teu trabalho vai começar a melhorar, ser entregue mais depressa e, talvez com isso, o teu negócio vá finalmente começar a crescer.
Idealmente, com isto, vais ser um ser humano mais feliz, vais viver uma vida mais equilibrada e vais começar a cuidar melhor de ti e dos outros.
Eu só sei uma coisa. Nesta fase da minha vida, não teria conseguido ultrapassar isto sozinho e sem isto não sei se teria recuperado o gosto pela edição de vídeo.
Há uns bons anos, quando soube que outros colegas contratavam ajuda, a minha primeira reacção foi pensar: "Ah, assim também eu" ou "Vão filmar e depois é só ficar no bem bom"...
A verdade é que a pós-produção é apenas uma parte de um extenso workflow pela qual cada projecto passa. Ao longo desse workflow e ao longo do ano assumimos imensas funções: Director Executivo, Director Financeiro, Director de Marketing, Chefe de Operações, Chefe de Recursos Humanos, Representante de vendas, Editor de vídeo, Apoio ao cliente, Contabilista, etc. Tu percebes a ideia.
Foste tu que adquiriste esses clientes, foste tu que lidaste com eles do início ao fim, foste tu que estiveste presente naquele dia específico, àquelas horas específicas quando tudo aconteceu, e foste tu que imortalizaste todos aqueles momentos, com a tua visão e habilidades que adquiriste ao longo dos anos.
Continua a ser um vídeo teu e, se decidires passar, trabalho, não penses que é só enviar e pronto. Cabe-te a ti delegar e fazer chegar o material ao editor, cabe-te a ti garantir que tudo é feito de acordo com as tuas ideias e sob as tuas directrizes.
Delegar só por si requer imenso tempo e é uma arte para que tudo resulte como deve de ser. O que vem depois de contratar alguém é mesmo toda essa gestão, algo que ainda estou a aprender.
É a primeira vez que tenho alguém a trabalhar comigo nesta área. A linha que separa um “líder” de um "patrão" é muito ténue. É importante que se perceba que, aqui, não há uma relação de patrão-empregado. Estou a contratar um criativo para colaborar comigo e vou fazer sempre os possíveis para que seja uma troca justa e benéfica para ambos. É importante que mantenhas e nutras bem os relacionamentos com as pessoas com quem trabalhas.
Começar um negócio requer um trabalho enorme, coragem, determinação e persistência. No entanto, fazê-lo crescer e fazer dele um negócio de sucesso requer ainda mais.
Trabalho árduo vai sem dúvida dar-te aquele arranque forte. Mas é preciso seres um atleta de alta competição para conseguires aguentar esse ritmo. A maior parte de nós não tem estaleca suficiente para manter um fluxo de trabalho assim e a verdade é que essa persistência só nos leva até certo ponto.
O tempo que investi em certos sistemas e processos foi a minha maneira de evitar puxar tanto pelo corpo e mais pela cabeça, e foi o primeiro ano que me esforcei para implementar tudo aquilo que tenho vindo a aprender.
Os sistemas certos deverão ajudar-te a recuperar algum tempo perdido com tarefas chatas e repetitivas. Já pensaste na quantidade de tarefas que fazemos desde o primeiro contacto com o cliente até à entrega do trabalho? Já pensaste nas inumeras vezes que fazes a mesma tarefa?
Um sistema é qualquer processo que te ajuda a realizar uma tarefa de maneira eficiente. Um bom sistema é repetível e confiável e, se possível, automatizado (ou parcialmente). Acredito que são o maior ingrediente para o sucesso a longo prazo.
Podes configurar sistemas que geram tráfego para o teu site, que te ajudam a vender um produto, que levam os teus possíveis clientes a interagir contigo como queres, ou até mesmo sistemas que esclarecem dúvidas por ti.
A ideia aqui é documentar bem o teu processo para que não tenhas de pensar nisso cada vez que trabalhas numa tarefa específica.
As razões para criar sistemas são muitas, mas as mais importantes, para mim, são: libertar tempo, criar ordem e consistência no trabalho, focar onde há mais retorno, e acrescentar valor à oferta. Não interessa em que fase estás, os benefícios para cada uma delas são super claros.
Nenhum de nós largou um "trabalho normal" e decidiu começar o seu próprio negócio porque queria trabalhar mais. Apesar de ser super natural investir mais horas numa fase inicial, o objectivo é quase sempre evitar ter de trabalhar tantas horas e com isso ter um estilo de vida bem mais flexível.
Os sistemas que uso hoje em dia no meu negócio permitem-me trabalhar menos do que trabalhava há 3 anos e, com eles, ganho mais dinheiro.
Ao libertar tempo, estes sistemas permitem avaliar melhor onde estamos a ter mais retorno e, com isso, dedicar mais tempo aquilo que está a funcionar melhor.
Os processos e sistemas também criam coerência no teu serviço. Os teus clientes querem saber no que se estão a meter e estes sistemas mantêm-nos encarrilados. É muito mais fácil seguir um workflow que não deixe escapar nada e que podemos melhorar ao longo do processo.
Tudo isto são coisas que nos permitem acrescentar valor e a ideia, ao usar sistemas, é que os revisitemos com alguma frequência para pequenos ajustes e melhorias.
Em relação à automatização, é importante que seja usada com peso e medida, para evitar oferecer uma experiência que roce o robótico, mas tenho a certeza de que ainda há muitas coisas que podemos automatizar nos nossos serviços. Temos de estar bem atentos e conscientes das tarefas que constantemente nos roubam mais tempo.
Que sistemas utilizas para fazer mais em menos tempo? Que sistemas terias mais interesse em aprender e como é que implementarias? Deixa um comentário - adorava saber!
Se queres passar menos tempo ao computador e mais tempo com as pessoas que são importantes para ti, aconselho-te a dar mais atenção aos recursos digitais disponíveis no mercado que foram feitos para agilizar a nossa vida.
Tenho sentido uma inclinação enorme para a criação de sistemas e documentação de processos. Desde que percebi o tempo e dinheiro que podia poupar com algumas coisas, é difícil não querer sistematizar praticamente tudo!
Em 2020, quero lançar o meu primeiro produto digital! Se tens interesse em saber quais os sistemas e processos que utilizo deixa aqui o teu email:
Depois de esvaziar, é assim que fica depois de uma ida à lavandaria. A gaveta a que mais acedo todos os dias. Todos os dias sai uma t-shirt preta, boxers pretos e um par de meias pretas. Minimalista e tudo preto ou cinzento, à excepção de algumas meias do Darth Vader, do Chewbacca e do Yoda que o meu melhor amigo me ofereceu!
Os primeiros testes com a GH5, no evento Amor à Prova de Vinho na Quinta da Murta. Foto por LChacal
Foto por Lucas Santiago
Finalmente arranjei uma labelmaker! Já tinha este "sonho" há uns bons anos! ^^ Acredita que num dia de casamento, e principalmente quando trabalhas como/com um 2º videógrafo a usar os mesmos modelos de material, acaba por se tornar caótico distinguir os materiais.
Estou ansioso por te mostrar o que consegui captar em 2019!- Proteger a minha sanidade mental e melhorar a minha saúde física;
- Mais tempo de qualidade com o meu amor, família e amigos;
- Tempo de qualidade para mim;
- Continuar a fazer tudo o que está ao meu alcance para oferecer uma experiência de luxo a qualquer pessoa que invista nos meus produtos e serviços;
- Tratar bem quem trabalha comigo;
- Partilhar os meus conhecimentos em formato de vídeo;
- Continuar a desenvolver sistemas para criar novas e múltiplas fontes de rendimento.
Ainda estou hesitante e receoso de me expor mais online, principalmente em vídeo. Mas se conseguir ajudar uma ou duas pessoas com a minha experiência, basta-me isso. Se me queres ver a criar vídeos de volta dos temas que tenho vindo a falar e se me quiseres ajudar nesse sentido, seria excelente se pudesses subscrever ao meu canal no YouTube! Este pequeno incentivo já seria ouro para mim!
por João Pedro Reis | 31 Dezembro 2019